A importância dos exercícios físicos para prevenção de doenças degenerativas

A importância dos exercícios físicos para prevenção de doenças degenerativas
  1. De que forma o exercício físico previne as doenças degenerativas? E quais das doenças degenerativas são prevenidas?

É fato que a atividade física possui benefícios para a saúde, bem estar e estética. No entanto, estudos demonstram que esses benefícios não se limitam a simplesmente gerenciar o equilíbrio energético e o peso corporal. Há efeitos sistêmicos protetores que atingem quase todos os órgãos e tecidos e o resultado disso são mecanismos terapêuticos e também preventivos. Durante o exercício, temos um aumento da demanda metabólica do musculo esquelético em contração; com isso há uma alteração da homeostase do corpo todo resultando em efeitos sistêmicos positivos para a prevenção de doenças. Após repetidos desafios, ocorrem adaptações que estão associadas à melhoria da saúde e do bem-estar.

Em contraste, a inatividade física é um dos fatores de risco mais fortes que contribuem para doenças crônicas, as quais representam a maior parte de doenças em todo o mundo sendo um dos maiores preditores de mortalidade. Hoje, o Brasil está na 5ª posição no ranking mundial de sedentarismo e lidera o status na América do Sul, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Recentemente, foi demonstrado que junto com uma série de citocinas clássicas, vesículas extracelulares (EVs), especificamente exossomos e outros EVs pequenos, são liberados na circulação durante o exercício como um meio potencial para comunicação entre tecidos. Esses EVs contêm uma vasta gama de proteínas de sinalização e outras moléculas que podem ter como alvo órgãos específicos, incluindo o cérebro. Portanto, os EVs liberados durante o exercício podem ser um mecanismo pelo qual a atividade física regular pode retardar ou prevenir a progressão de doenças neurodegenerativas como a Doença de Alzheimer, declínio cognitivo relacionado à idade e demência vascular (Fuller et al. Cells. 2020. doi: 10.3390/cells9102182). Uma revisão sistemática da Psychol Med com estudos epidemiológicos e prospectivos mostraram que os exercícios reduzem os riscos de demência e Doença de Alzheimer em 28% e 45%, respectivamente. Está bem estabelecido que novos neurônios são capazes de crescer dentro do giro denteado do hipocampo e foi demonstrado em roedores que a atividade física é capaz de aumentar a neurogênese, com exercícios que mais do que dobram a produção de novos neurônios.

  1. O exercício físico também funciona como um tratamento para os pacientes já diagnosticados com esse tipo de doença?

Os novos estudos são promissores na utilização do exercício como um tratamento para doenças. Evidências crescentes de que o exercício pode levar à descoberta de uma série de novas terapias que podem ter como alvo uma ampla gama de condições crônicas, incluindo distúrbios neurodegenerativos. O exercício demonstrou ter efeitos anti-inflamatórios no cérebro que se correlacionam com a função cognitiva. Dentre as várias citocinas mediadas temos o aumento da IL-10 que possui ação anti-inflamatória regulando negativamente citocinas pró-inflamatórias, incluindo TNF -α e IL-1β. Foi demonstrado também que o exercício promove ativação de micróglia e astrócitos e modula a inflamação periférica e central, tendo um efeito protetor sobre a função cognitiva e, portanto, podem oferecer benefícios aos pacientes com Doença de Alzheimer. A redução de mediadores inflamatórios e o aumento dos anti-inflamatórios promove melhor resposta ao tratamento e melhora da função cognitiva.

  1. Vale qualquer exercício físico ou algum tipo é mais efetivo do que o outro?  

Qualquer exercício físico é valido e tão importante quanto isso é a constância dos hábitos. O sobrepeso hoje é uma pandemia mundial e a projeção é que em 2025 haja 2.3 bilhões de pessoas com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos se nenhuma atitude for tomada. E por que falo isso aqui? Pois na obesidade e sobrepeso ocorre uma mudança no compartimento dos monócitos pró-inflamatórios (M1) que podem contribuir para o desenvolvimento de inflamação de baixo grau e aumento de monócitos imunossupressores que podem contribuir para o desenvolvimento de câncer,  por exemplo. Toda essa inflamação crônica aumenta o risco de outras doenças inflamatórias como por exemplo doenças degenerativas. Um estudo publicado na The Lancet em 2016, revelou que o excesso de peso pode reduzir a expectativa de vida entre um e dez anos, de acordo com o grau de intensidade.

  1. Quais outras práticas evitam o surgimento dessas doenças?

Todos os 6 pilares da Medicina do estilo de vida promovem prevenção de doenças. São eles: controle de tóxicos, controle de estresse, alimentação, atividade física, relacionamentos e sono. Contudo essa não é a realidade da maior parte dos sistemas de saúde do mundo. A abordagem convencional costuma tratar a doença quando ela aparece e através da prescrição de medicamentos, os quais, em inúmeros casos, causam mais danos do que benefícios. De acordo com o The Journal of the American Medical Association, medicamentos prescritos causam 700.000 casos de emergência em hospitais a cada ano e mais de 106.000 mortes. O The Institute of Medicine relatou ao The Wall Street Journal que uma abordagem holística dos cuidados de saúde que utiliza o melhor da medicina convencional, juntamente com terapias alternativas, como meditação, yoga, acumuntura e fitoterápicos, foi cientificamente documentada como efetiva.

Escrito por Dra Georgia Zattar

Médica especializada em saúde, performance e longevidade.


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