As possíveis alterações metabólicas em triatletas após o Ironman

As possíveis alterações metabólicas em triatletas após o Ironman

O triathlon é um tipo de esporte multidisciplinar que envolve três modalidades realizadas nesta sequência: natação, ciclismo e corrida. Os eventos podem ser realizados em diferentes formatos como sprint, olímpico, longa distância e o famoso Ironman, que é uma das principais competições de triatletas do mundo.

Atletas que praticam esportes que exigem grandes quantidades de horas de treino precisam de cuidados extras ao se preparar. Além de um esforço físico extenuante, eles estão sujeitos à fadiga excessiva, ao fenômeno do overtraining e a maior chance de desenvolver lesões e doenças.

“Embora a atividade física esteja associada à promoção de saúde e prevenção de doenças a curto e a longo prazo, o esporte de alto rendimento pode resultar em um aumento nos níveis agudos de biomarcadores sanguíneos, usados na prática clínica para diagnóstico de doenças. O grande número de treinos e o volume geral realizado pelos triatletas para melhorar o condicionamento físico e o desempenho também pode aumentar o risco de problemas de saúde.”

Um estudo publicado na revista científica Plos One avaliou atletas de Ironman para explorar os efeitos agudos da competição em biomarcadores relacionados a danos musculares cardíacos, hepáticos, renais e esqueléticos – imediatamente após a corrida e após uma semana de descanso.

Na prática clínica, quanto maior o valor de um biomarcador, maior a gravidade de uma determinada condição ou doença. Após colher amostras de sangue de 30 triatletas, foram analisados biomarcadores cardíacos tipicamente vistos com infarto do miocárdio, troponina cardíaca T e N-terminal do peptídeo natriurético pró-hormonal cerebral (NT-proBNP), mioglobina creatina quinase (CK) que indica quebra do músculo esquelético, creatinina que indica dano renal e alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) que em um ambiente clínico seria indicativo de sobrecarga hepática. Inflamação, estresse oxidativo, dano de DNA e grandes elevações agudas dos biomarcadores estudados foram vistas após uma prova de Ironman neste estudo.

“Uma das causas para esses biomarcadores agudos pode ter relação com o estresse oxidativo presente no organismo, que acontece com a prática de esportes de alto rendimento. É esperado, inclusive, que valores pós-competição mais elevados estejam associados a um risco de consequências ainda mais negativas a longo prazo para a saúde”, explica Zattar.

“O triathlon em especial, por unir três modalidades, é um dos esportes com atletas que mais sentem incidência de lesões, por exemplo. As pesquisas científicas relatam que a frequência de lesões ligadas ao triathlon variam entre 37% e 91%, ocasionando, pelo menos, um tipo de lesão em cada atleta dentro do período específico de competição.”

Dessa forma, é preciso planejar bem a periodização dos treinos e não se esquecer de inserir um momento de descanso na rotina.

“A preocupação com os treinos influencia diretamente no risco de lesões, doenças ou má adaptação do atleta. Neste planejamento, deve-se levar em conta o volume e intensidade do treino, mas também o período de descanso, alimentação balanceada, hidratação corporal, realizar avaliações de aptidão e laboratoriais, dentre outros fatores que contribuem para um bom desempenho.”

Visando uma rotina de treino eficiente e, ao mesmo tempo, saudável para o atleta, o acompanhamento de um médico, junto à uma equipe multidisciplinar bem qualificada de nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo, por exemplo, pode ser uma ótima alternativa.

“Ter essa equipe por perto ajuda no monitoramento da saúde e prevenção de complicações e lesões no atleta em todos os seus ciclos de treinos e provas. Além disso, suplementações antioxidantes podem atenuar no combate ao estresse oxidativo, uma das possíveis causas dessas complicações”, conclui Zattar. 

Escrito por Dra. Georgia Zattar 


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